sábado, 16 de abril de 2011

Um relato que me impressionou

Um amigo que chegava do Haiti, onde está servindo a população, junto com o exército brasileiro, veio nos visitar. Estivemos por algum tempo conversando e vendo filmagens, recentes, de como está vivendo, hoje, a população haitiana.
Se procurarmos textos, referentes a este triste episódio, vamos encontrar muito do que conversamos ali, porém, quando relatados por pessoas que vivenciaram tudo, muito de perto, em seu dia a dia, os fatos parecem bem mais fortes.
O que me lembro dos relatos:
O cenário de tragédia de um ano e meio atrás ainda se mantém quase o mesmo. Pra dar-nos uma ideia do relato disse: - Uma pedra enorme que rolou na beirada da calçada, ali está, sem o menor sinal de que vai ser removida. O que estava sendo o começo da construção de um país foi à baixo e nada dá ares de recomeçar. A cidade não possui rede de esgoto, não possui vasos sanitários e as necessidades são feitas nas ruas, sem o menor constrangimento. O esgoto corre as margens das calçadas, à céu aberto. Para a grande população não há luz elétrica. Existe um povo de condições econômicas oposta à grande população, que habita em um lugar alto e seguro, em casas suntuosas, com todo tipo de conforto. Esta população em nada foi atingida. A ajuda que o mundo, sensibilizado, enviaria foi reduzida com o passar do tempo. Mais de 800.00 pessoas vivem em acampamentos, que foram improvisados, na época, e que não oferecem a menor segurança ou conforto. Os acampados estão sujeitos a todo tipo de ataque, com ênfase para os estupros que são incontroláveis. Os governantes, quase todos morreram, não há líderes políticos. O temperamento indolente acostumado a receber tudo pronto e sentimentos não muito nobres, advindo desta situação e a falta de cultura e especialmente de espiritualidade, se constituem em uma enorme barreira, difícil, quase intransponível. Não é possível, até hoje, ver uma luz no final do túnel. Com tudo isso e muito mais, do que nos foi relatado, o que impressiona nosso amigo é o temperamento alegre que o povo haitiano mantém.
O exército brasileiro é muito bem quisto no país. Demonstram confiança nos soldados brasileiros, que fazem um belo trabalho de assistência social junto à população.
Meu relato aqui é mais para nós, hoje, colocarmos a cabeça no travesseiro e começarmos a agradecer cada um daqueles confortos diários, que nos rodeiam e que nos passam despercebidos. A seguir começarmos a colocar, nos céus diante de nosso Deus, os sofrimentos que estão passando muitos de nossos irmãos aqui na terra. Acho que é o que devemos fazer, quando nada mais concreto nos é possível fazer.

Wanda. 15/04/11

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