quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Ao Mestre com carinho

Quem viveu há alguns anos atrás, ao ler este título vai se lembrar de um filme que foi grande sucesso na época. O filme enaltecia o papel do professor dedicado que com perseverança e muito tato conseguiu domar uma classe de alunos de extrema rebeldia. Ninguém foi capaz de ministrar aulas naquela classe. Apareceu então um professor, representado pelo artista negro Sidney Potie que se propôs a dar aulas naquela classe. Assim se apresenta um personagem que é exemplo de ação, dentro da sala de aula, para todos os professores. A recuperação de alunos difíceis exige paciência, empatia e persistências. A recompensa que virá será o carinho dos alunos e a certeza de ter recuperado vidas perdidas. È importante a sinceridade o desinteresse financeiro e a coragem de correr riscos. Foi um filme inesquecível. Já não se faz mestres e filmes como antigamente.

O papel do professor que tira do analfabetismo, que encaminha o aluno para desempenhar um papel importante na sociedade é insubstituível. Trabalhar com vidas é exigente, mas tem suas recompensas.

Desejando homenagear uma mestra não poderia esquecer-me de minha mãe. Quem a conheceu e foi seu aluno vai entender o que vou dizer. Cansei de ver demonstrações de amor e carinho, por parte de alunos que tiveram minha mãe como mestra. Eram flores, cartões, visitas, telefonemas, sempre ao se aproximar o dia dos professores. Eram seus amados alunos a reconhecerem a grande dedicação com que ministrava suas aulas. Esta demonstração de afeto e carinho era recíproca porque também da parte da mestra era a grande saudade, a enumeração constante destes alunos. Muitos deles partiram primeiro que ela. A cada um que engrossava esta triste lista, que a mestra trazia em sua gaveta de cabeceira, eram suspiros profundos e muitas lembranças.

Ó minha mãe minha mestra! Desde tenra idade encantou-se com as letras com a possibilidade de se formar inúmeras palavras. Soube passar, para quem foi alfabetizado por ela, o mesmo encantamento. E a sedução não foi apenas pelas letras. Veio também o encantamento pelos números, que dizia que bailavam em sua mente, trazendo alegria e espanto pela tendência ao infinito. Foram casos que eu não me cansava de ouvir. Também o amor pelos números resultou em uma professora de matemática que se entregou com dedicação a uma enorme geração.

Trouxe dentro de mim a mesma genética. Sem a falsa modéstia amei e exerci minha profissão cheia de ideal e com a mesma dedicação. Foi um tempo muito bom!

Minha mãe, o que se passa hoje nas salas de aula é o bastante para que o ideal, que vivemos com tanta intensidade, fosse frustrado. É uma pena mas os valores daquela geração foram dissipados como a fumaça na atmosfera. Agora os costumes são outros, os valores são outros, os problemas são outros e dificilmente encontramos soluções para eles. É assim que está se formando a nova geração que vai em breve atuar na face da terra.

Wanda. Outubro de 2010.

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