sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

A sina de ser humano

Hoje estive na sala de espera, para uma consulta médica. Uma movimentação um entra e sai, pessoas com os mais diversos problemas.    – Nada grave de minha parte, graças a Deus. Consulta de rotina para evitar problemas genéticos futuros. Coisa moderna esta, penso eu. Sem preocupações, posso folhear as revistas à disposição e observo o entra e sai. Ao meu lado alguém movimenta o corpo agitada.
- Problemas amiga? Pergunto tentando ajudar. A pessoa mal responde, está muito introspectiva, mergulhada em si mesma. O que estaria desequilibrando este ser humano, que mal a deixa ver, quem está ao seu redor? Lindos olhos azuis, penso eu. Seria o motivo da fragilidade em sua vista? Indago a mim mesma.
Surge, apressadamente, a atendente que, laboriosa, serve a vários médicos. – A senhora não se penaliza de ver tanta movimentação? Pergunta a paciente ao lado.
- Movimentação? O médico atende alternadamente só às quintas, por esse motivo acumula os pacientes.
- Não me refiro ao médico.
- Esta paciente ao meu lado está realmente agitada, mas seu problema não parece sério. Está parecendo mais um desequilíbrio emocional.
O que pudemos confirmar, logo depois de sua consulta.
- Estou me referindo a esta pobre assistente que sobe e desce escada, conduzindo os pacientes de um lado para outro.
Neste momento surge uma conhecida, que não via, há muito tempo.
– Oi, o que aconteceu com você? Parece não estar enxergando?
- É a diabetes que me deixou assim, sem enxergar, além de outras complicações. Preciso urgente de uma cirurgia. Estou aqui para ser encaminhada para um centro grande, onde vou conseguir solução para o meu problema.  
 Impressionou aquela figura enorme, com muitos quilos a mais, com sérios problemas na vista e na vida, que eu bem sabia, conduzida por outra pessoa, deixando transparecer no rosto um sorriso cativante, para quem quisesse ver. Em meio a seres humanos, com os mais variados problemas e meios de resolvê-los, quem seria o merecedor de nossos sentimentos de pena?
- O profissional da saúde que exerce a profissão com seriedade, tendo a oportunidade de ajudar a muitos necessitados e oferecer-lhes melhores condições de vida?
- Aqueles que descontroladamente resolvem seus mínimos problemas, como se fossem os maiores e únicos da face da terra?
 - Quem, apesar da seriedade do problema, sabe dar um sorriso amigo, um voto de confiança, na solução deste problema?
- Aquela funcionária, assistente de médicos e pacientes que, com agilidade e presteza, atende a todos, sempre bem humorada? Ela que ao findar do dia poderá dizer: “Fui útil para muitos doentes, que necessitaram de mim e ainda ganhei meu sustento, dignamente.”
O ser humano é mesmo único. Já vi gente de todo jeito. Não sei qual é o mais “coitado”:
- Já vi muito rico pobre
- Já vi muito pobre rico
- Vi gente feliz sem motivo
- Quanta gente infeliz, com ou sem motivos
- Vi doentes agindo como sãos.
- Vi sãos como se doentes fossem.
É a sina do ser humano, que segue “o caminho das pedras”, conforme escolhe viver: olhando para baixo, sucumbido ao peso de seus problemas e de si mesmo; olhando para frente, buscando as soluções do mundo; ou olhando para o alto, além do horizonte, onde está guardado o manual de funcionamento da máquina que se chama ser humano.
                                                             Wanda. 05/01/2012

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