terça-feira, 27 de julho de 2010

Minha amiga Clo

Clo é a filha caçula de um casal com quatro filhas. Todas as atenções da família sempre foram para ela. Tem um jeito meigo e parece estar sempre de bem com a vida. Estas são armas poderosas com as quais ela se faz querida. Estes dons ela preza muito. Desde sempre, ela trouxe dentro de si, a preocupação de nunca falar nada que aborreça, quem quer que seja. Considero uma decisão um pouco cansativa esta, de estar sempre agradando a gregos e troianos. Para Clo não é. Posso dizer que faz parte de sua genética, porque ela faz sem o menor esforço. Clo possui o dom de fazer amigos. Foi assim que conquistou amigos e amores.

Seu pai era um farmacêutico com um sistema de vida um tanto peculiar. Possuía um modo constrangedor quanto ao namoro de suas filhas e especialmente quando a mão de suas filhas era pedida em casamento. Uma situação que sempre Clo gosta de relembrar é a de seu noivado. Marcava-se a hora para que o pai do noivo viesse fazer o pedido. Até aí tudo normal como de costume, na época. Incompreensível ficava quando Sr. Apolo era consultado:

-Sr. Apolo como o senhor bem sabe, nossos filhos já estão namorando, há algum tempo, e agora vim pedir a mão de sua filha, para que eles fiquem noivos e possam vir a se casar. A resposta era a mesma que já havia dado para o pedido de suas filhas mais velhas:- Meu Sr., vamos aguarde 24 horas, amanhã a esta hora o Senhor pode voltar que vou pensar e lhe darei uma resposta.

No dia seguinte a resposta era sempre a mesma:

-Eu pensei bem e está consentido o noivado.

Clo e suas irmãs, que sofreram o mesmo processo, na caminhada para o altar, hoje dão belas risadas do acontecido. Na época, bem mais moças e envergonhas, não acreditavam no que o pai estava dizendo ao futuro sogro.

Clo não se cansa de dizer o quanto amou seus pais. Sr. Apolo, o farmacêutico, veio a falecer. Não é preciso dizer o quanto foi marcante esta separação. Mas também com o tempo veio o consolo.

Um belo dia, Clo encontra uma de suas amigas que há muito não se viam. Foi motivo de grande alegria e de uma conversa bem animada. De surpresa a amiga lhe pergunta:

-Clo como vai seu pai? Assustada, Clo responde:

-Você não ficou sabendo? Meu pai faleceu!

Ao ouvir isto a velha amiga cai em um grande pranto, dizendo palavras de consolo à Clo. Clo desejosa de consolar a amiga diz:

- Mari, não chora não minha amiga, já faz muito tempo que ele morreu, não é preciso chorar.

Nisto Mari se assustou por estar mais pesarosa que a amiga, enxugou suas lágrimas e continuaram a conversa naturalmente.

Este não foi um único caso cômico isolado, desta minha amiga. Sua vida foi acompanhada de distrações cômicas, as quais ela não se cansa de repetir e contar para quem quiser ouvir.

Recentemente foi fazer uma visita à casa de uma prima, pelo nascimento de seu neto. Lá pelas tantas o avô diz:

-Clo, venha aqui ao computador ver uma foto.

-Eu adoro ver fotos! Qual é?

O avô Re, que gosta de uma brincadeira diz:

-Este aqui, que você está vendo, de paramentos médicos, é o Dr. Chifroncio, que fez o parto de minha filha.

Clo desejosa de interagir responde:

-Ah! Dr. Chifroncio?!! Eu já ouvi falar dele. É um ótimo médico, muito conceituado.

Esta observação causou grande admiração ao avô Re que, entre risadinhas desapontadas, se viu obrigado a esclarecer a brincadeira:

-Clo, este aí sou eu, vestido de aparatos médicos, em uma maternidade paulista, no dia que minha neta nasceu.

Se Clo ficou desapontada disfarçou bem. Com um ar de sorriso amarelo foi dizendo ao avô Re:

-Re, seu chato, eu bem poderia imaginar que com este nome “Chifroncio” não existe ninguém e vindo de você só poderia ser uma pegadinha. Eu cai nesta mas não tem importância. Esta não vai ficar sem volta, me aguarde. A qualquer hora, inesperadamente, estarei lhe dando o troco e muito bem dado.

Wanda. 25/07/2010

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