quarta-feira, 5 de outubro de 2011

A boneca

                       
                        Deixando a bola e a peteca,
Com que inda há pouco brincavam,
Por causa de uma boneca,
Duas meninas brigavam.

Dizia a primeira : "É minha!"
— "É minha!" a outra gritava;

E nenhuma se continha,
Nem a boneca largava.

Quem mais sofria (coitada!)
Era a boneca. Já tinha
Toda a roupa estraçalhada,
E amarrotada a carinha.

Tanto puxavam por ela,
Que a pobre rasgou-se ao meio,
Perdendo a estopa amarela
Que lhe formava o recheio.

E, ao fim de tanta fadiga,
Voltando a bola e a peteca,
Ambas por causa da briga,
Ficaram sem a boneca...

Olavo Bilac soube trovar como poucos, as mais variadas formas de situações infantis, da natureza e das situações da vida em seu tempo. É ele que vai inaugurar algumas poesias neste tempo de inocência e graça, que antecede o dia da criança.

Nenhum comentário:

Postar um comentário