sexta-feira, 25 de junho de 2010

Salamargo, o grande escritor português

Chorou Portugal e o mundo com a perda de seu escritor maior José de Sousa Salamargo aos 87 anos.Salamargo se imortalizou tentando provar que a Bíblia se constitui em inverdades criadas pela cabeça dos homens. Neste contexto inclui tudo que é espiritual inclusive Deus. Salamargo fala sobre luz e trevas no trecho que escolhi para colocar aqui. Estamos do lado oposto em nossas convicções porque vou sempre buscar evidências que comprovem a Bíblia como palavra de Deus. Essas evidências que estão aparecendo hoje em dia só servem para comprovar mais e mais minha fé. Se Deus é luz como está escrito em João 1,9 todos os que têm fé estão na luz (aí estou inclusa) e aqueles que não têm fé estão em trevas. Salamargo com toda sua capacidade de raciocínio e escrita estaria nas trevas seguindo este raciocínio que expus aqui.


"Dizem-me que as entrevistas valeram a pena. Eu, como de costume, duvido, talvez porque já esteja cansado de me ouvir. O que para outros ainda lhes poderá parecer novidade, tornou-se para mim, com o decorrer do tempo, em caldo requentado. Ou pior, amarga-me a boca a certeza de que umas quantas coisas sensatas que tenha dito durante a vida não terão, no fim de contas, nenhuma importância. E porque haveriam de tê-la? Que significado terá o zumbido das abelhas no interior da colmeia? Serve-lhes para se comunicarem umas com as outras? Ou é um simples efeito da natureza, a mera consequência de estar vivo, sem prévia consciência nem intenção, como uma macieira dá maçãs sem ter que preocupar-se se alguém virá ou não comê-las? E nós? Falamos pela mesma razão que transpiramos? Apenas porque sim? O suor evapora-se, lava-se, desaparece, mais tarde ou mais cedo chegará às nuvens. E as palavras? Aonde vão? Quantas permanecem? Por quanto tempo? E, finalmente, para quê? São perguntas ociosas, bem o sei, próprias de quem cumpre 86 anos. Ou talvez não tão ociosas assim se penso que meu avô Jerónimo, nas suas últimas horas, se foi despedir das árvores que havia plantado, abraçando-as e chorando porque sabia que não voltaria a vê-las. A lição é boa. Abraço-me pois às palavras que escrevi, desejo-lhes longa vida e recomeço a escrita no ponto em que tinha parado. Não há outra resposta.”

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